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domingo, 6 de janeiro de 2008

APRENDENDO A PERDER


   Quem nunca perdeu uma caneta, um guarda-chuva, um livro ou qualquer outro objeto?  Poucos felizardos aqui no Brasil ainda podem dizer que nunca viram coisas suas de valor como relógios, alianças, anéis, carro, dinheiro irem embora mais depressa do que chegaram.  São perdas lamentáveis.   Objetos de estimação, de grande valor emocional, mas que se foram.  Acabaram...
      Ninguém gosta de perder.  Seja o que for, seja quem for.  Sim, porque existem coisas que se perdem e pessoas que se vão.  Seres humanos são perdas duras.  Entes queridos, amigos achegados, amores desfeitos, enfim, aqueles que não voltam mais.  Uns levados pela vida, outros pela morte.
    Você se lembra da última coisa que perdeu?  Ou da última pessoa que foi embora do seu mundo?  Como você reagiu?  Como está reagindo agora?  E Deus, nessa história toda, onde Ele está?  O que está  fazendo?
    Perguntas, dúvidas, negação da realidade, dor, depressão, fuga, raiva, medo, culpa, tristeza...  estes são os sentimentos mais comuns que enfrentamos quando perdemos alguém que amamos muito.
    Mas será que se pode “aprender a perder”?   Não será certamente premeditando nossas reações, reprimindo nossos sentimentos mais fortes a fim de não sofrermos tanto...  Não!  Aprender a perder significa muito mais que idéias utópicas como estas.  Significa dizer que, embora a dor seja muito forte, às vezes quase insuportável, você vai sobreviver.  Você tem a Deus, tem amigos, tem a sua vida.   Levante a cabeça, você está viva!
- “Mas que bela notícia: eu estou viva!  Você deve estar brincando.  Só pode ser.   Eu acabei de perder alguém que eu amava demais e você vem me dizer que eu estou viva.  Que ótimo consolo!”.
    É... por mais irônico e frio  que possa parecer, esta é a pura verdade.  E é porque você tem ainda uma vida inteira pela frente que você pode ter muito que aprender com essa dor que está vivendo.
  Não é preciso esconder o que você está sentindo.  Seja sincera consigo mesmo.  Se você sentir vontade de chorar, não há porque não fazê-lo.  Se está sentindo muita raiva, não descarregue em cima de você nem de ninguém.  Não precisa se culpar por estar se sentindo assim.  Se for preciso, descarregue-a em objetos.
   Nestes momentos de intenso sofrimento, talvez você chegue à conclusão de que a perda faz parte da vida.  E comece a ver do seu lado que outras pessoas também já sofreram ou estão sofrendo com e por você.  Dê uma chance a elas de se achegarem e compartilharem suas dores.  Isto pode ajudá-la também.
   De vez em quando pensamentos como: “eu podia ter feito isto...” ou “se ao menos eu não tivesse dito aquilo...” e muitos outros “se”  vêm ou virão à sua mente.  A única coisa que você pode fazer com estas frases é esquecê-las de uma vez por todas e conscientizar-se de que acabou.  O tempo não volta.  Você é assim.  Uma pessoa maior que esta dor.  Um ser humano a quem Deus ama  profundamente.
  Isto mesmo: Deus não se esqueceu de você.  Ele não a abandonou.  Ainda que todas as circunstâncias tentem provar  o contrário, “o Senhor, teu Deus, é contigo por onde quer que andares” (Js. 1:9).
   Tente lembrar-se do que Deus já fez em sua vida, dos momentos felizes que Ele proporcionou a você diversas vezes, do livramento, do perdão, das alegrias...
    No Salmo 42 o salmista também passa por situações angustiantes que o levam a questionar-se: “O teu Deus, onde está?”.  Se deixarmos esta pergunta dominar nossas mentes nestes momentos de dor, uma das conseqüências certamente será que iremos nos entregar e nos render à angústia, à incredulidade.
     Não seria neste instante a hora de dizer:
   “Por que estás abatida, ó minh’alma?  Por que te perturbas dentro de mim?
                        Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a Ele, meu auxílio e Deus meu? (Sl. 42:1)
   Você só estará realmente livre de toda dor, de toda perda quando estiver no céu com Jesus.  Mas enquanto está por aqui, procure aprender a crescer com estas situações.  Saiba que o compartilhar de sua dor vencida com outras pessoas que também sofrem trará a você um sentimento de alívio e solidariedade muito grande.  Isto a ajudará a prosseguir e fazer com que outras pessoas prossigam também.  Vá em frente!
(Revista Juventude, 3T89)

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