Uma constante chama de gás
aquece a panela que chia na cozinha
enquanto um cheiro forte de tempero
enche a casa...
-Ela esta na frente do fogão enquanto os filhos crescem,
vão sendo modelados pela vida e pelo tempo,
Chegam e a beijam na testa
e ela na frente do fogão,
e ela na frente do fogão,
Chegam e dizem um "olá" distante
e ela na frente do fogão,
e ela na frente do fogão,
Chegam e não dizem nada
e ela na frente do fogão,
e ela na frente do fogão,
Porque a chama abraça o fundo da panela
para que o jantar fique pronto,
para que eles matem a fome
e cresçam mais e se afastem dela, cada vez mais
Ali na frente do fogão
o seu rosto outrora liso e jovem
foi sendo curtido
em sal e fogo,
em fumaça e tempo, em sofrimento e espera,
em susto e ingratidão.
E ela, paciente e quieta, em frente do fogão.
para que o jantar fique pronto,
para que eles matem a fome
e cresçam mais e se afastem dela, cada vez mais
Ali na frente do fogão
o seu rosto outrora liso e jovem
foi sendo curtido
em sal e fogo,
em fumaça e tempo, em sofrimento e espera,
em susto e ingratidão.
E ela, paciente e quieta, em frente do fogão.
Chega o marido,
que o tempo também se incumbiu de transformar
em cansaço e desesperança,
e traz para a cozinha
os problemas da rua,
a insegurança no serviço,
o orçamento estourado,
a fila, a espera, o desconforto, a condução;
e ela na frente do fogão!
Não mais o beijo quente do retorno,
o olhar em festa,
os planos em comum
-um acre silêncio tempera a janta-
Uma dura troca de olhares
que já não se perguntam,
porque não há resposta a dar;
é o boa-noite de sempre
que o tempo também se incumbiu de transformar
em cansaço e desesperança,
e traz para a cozinha
os problemas da rua,
a insegurança no serviço,
o orçamento estourado,
a fila, a espera, o desconforto, a condução;
e ela na frente do fogão!
Não mais o beijo quente do retorno,
o olhar em festa,
os planos em comum
-um acre silêncio tempera a janta-
Uma dura troca de olhares
que já não se perguntam,
porque não há resposta a dar;
é o boa-noite de sempre
Nas ruas, os amigos, no bar bebendo a mesma
dura cachaça e nervosa insatisfação,
em casa, o vazio que os filhos deixam
quando saem a medir a noite com os amigos
e os coloridos sonhos de novela
e a companhia da televisão.
Eu Te peço por ela
nesta hora em que as sombras
iniciam a escalada de mais uma noite
pela sua alegria,
pela sua ilusão
guarda a mulher na frente do fogão.
dura cachaça e nervosa insatisfação,
em casa, o vazio que os filhos deixam
quando saem a medir a noite com os amigos
e os coloridos sonhos de novela
e a companhia da televisão.
Eu Te peço por ela
nesta hora em que as sombras
iniciam a escalada de mais uma noite
pela sua alegria,
pela sua ilusão
guarda a mulher na frente do fogão.
Nesta hora marcada
pelo cheiro forte do tempero,
pela chama quase parada do fogão de gás
enquanto eles não chegam dos caminhos da noite,
dos perigos do trânsito
e do ódio dos homens
que ela tenha calma,
que ela tenha paz
Sobre a sua cabeça envelhecida,
pelo cheiro forte do tempero,
pela chama quase parada do fogão de gás
enquanto eles não chegam dos caminhos da noite,
dos perigos do trânsito
e do ódio dos homens
que ela tenha calma,
que ela tenha paz
Sobre a sua cabeça envelhecida,
estende a TUA poderosa mão.
E que ela possa ter a alegria da vida
na hora do preparo da comida
na frente do fogão.
E que ela possa ter a alegria da vida
na hora do preparo da comida
na frente do fogão.
Gióia Júnior
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