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terça-feira, 14 de outubro de 2008

SERÁ QUE É LOUVOR?

     Será que toda a música que cantamos (e ouvimos) na Igreja é louvor?
    Era o dia dos pais de 2008, e à caminho da Escola Dominical de minha igreja, eu acompanhava o culto matinal de certa igreja histórica através de uma das muitas emissoras FM aqui em Recife que transmitem programação evangélica.
   Logo após o sermão o dirigente anunciou: "Agora vamos ouvir um louvor com a banda". O que ouvimos a seguir foi nada mais nada menos que "Meu querido, meu velho, meu amigo" de Roberto Carlos.
    Pois bem, o "louvor" que pensei ser a Deus, era justamente uma música secular dedicada ao  pai daquele conhecido compositor e que, descabidamente, invadiu o santuário no que deveria ser um sagrado e solene culto divino.
   Mas a confusão criada com a nomeação de qualquer música por louvor não é exclusiva daquele líder. Basta ligar a tv em programação evangélica para ver que a parte musical do culto foi denominda "louvor", independente do que se ouça (o termo "hino" já foi substituído por "canção" faz tempo).
   Como é verdade que a música tem vários papéis num culto de adoração, inclusive o de louvor, realmente nem toda a música que ouviremos ou cantaremos num culto será louvor. Isso mesmo!
  O termo louvor, segundo Aurélio, significa entre outras coisas, "elogio, exaltação, glorificação, aplauso", e serviu de palavra-chave para traduzir pelo menos sete palavras hebraicas para este ato. Não temos a intenção de esmiuçar isto agora.
    Então quando cantamos uma música que exalta e honra ao Senhor, a Jesus Cristo ou ao Espírito Santo, glorifica seus feitos e proclama seus atributos, estamos louvando a Ele musicalmente.
   A Bíblia convoca toda a criação a louvar ao Senhor: veja os Salmos 117:1, Salmo 148:2, Salmo 150:6, Apocalipse 19:5. Peceba que Deus deve ser louvado não somente no culto, mas em todo o tempo (Salmo 34:1) e não apenas musicalmente mais por nossas atitudes (Mt 5:16, I Pe 2.12).
   Em nossos cultos ao Senhor, também o louvamos com palavras, expressões e brados de júbilo, não musicais, como sugerem os Salmos 66.1 e 98.4;
   Louvamos a Deus e fazemos com que Ele seja louvado com nossas ofertas, dízimos e contribuições, reconhecendo a soberania e domínio Dele sobre tudo o que temos (Ageu 2.8, II Coríntios 9.13). Enfim, Deus pode ser louvado de diversas formas, inclusive (e mais abrangentemente) pela música que cantamos, que é o tema deste post.
    Mas a música também é usada no culto como instrumento de ensino e fixação das verdades bíblicas. O Apóstolo São Paulo escreveu aos Colossenses (Col 3:16) que os mesmos, cheios da Palavra de Cristo, deveriam ensinar e admoestar uns aos outros com salmos, hinos e cânticos espirituais. Martinho Lutero usou a música como eficaz ferramenta para fixar a sã doutrina. Nada mais salutar que um coral ou grupo que cante a Palavra e há um sem fim de músicas baseadas em passagens bíblicas.
   Não é difícil encontrar um repertório que seja literalmente igual ao texto bíblico. Assim como outros regentes, tenho buscado fazer isto nos corais que rejo e então podemos cantar Ipsi litteris os Salmos 148, 126, 100, 33, 23, Romanos 8:33, Mateus 11:28, Mateus 5, João 14.1, Marcos 16.15 e muitas, muitas outras passagens musicalizadas e arranjadas para coros, quartetos e grupos por diversos maestros e constantes de inúmeras publicações. Essa mensagem cantada é capaz e edificar, consolar, exortar e instruir, pela eficácia da Palavra que estamos transmitindo.
   A música também deve ser usada na Igreja para proclamar o Evangelho. Aliás, como tarefa maior da Igreja, nada mais objetivo do que evangelizar também através da música. Quantos de nossos membros não foram alcançados por uma mensagem musical? Nem preciso falar muito nisso. Aqui no blog você pode ter um pequeno exemplo disto. Leia aqui alguns testemunhos. Por falar em testemunho, quantos de nosso hinos da Harpa Cristã não são testemunhos? Lembra do nº 15? e do nº 171?
   Além de louvar a Deus, os diveros grupos de uma igreja podem ajudar o pastor, através da música, na tarefa de Missões, com progamações voltadas para este tema. Fizemos isto muitas vezes com o Coro Jovem Life, da Congregação da Assembleia de Deus em Córrego do Botijão (pastor presidente Pr Ailton José Alves), com as Cantatas Missionárias, eventos onde cantávamos músicas em diversos idiomas e apresentávamos um panorama missionário mundial além de incentivarmos os irmãos a interceder e contribuir por Missões, tudo obviamente supervisionado e avalisado por nossos líderes e pela Secretaria de Missões de nossa Igreja, cujos titulares participavam ativamente desses eventos e quando possível, enviavam missionários que estavam passando por aqui na época.
   Há também ocasiões especiais, festivas, onde a igreja se reúne para agradecer a Deus pela Pátria, pelas mães, pais, dia ou aniversário do Pastor etc e nessas ocasiões algumas músicas temáticas são cantadas. Não podemos dizer que isso é louvor, embora Deus possa louvado pela execução delas.
    Voltando ao assunto, louvor mesmo é algo que está se tornando raro no meio gospel. No meio "artístico" e na maioria das denominações evangélicas, especialmente no seio neo-pentecostal, o que temos ouvido é exltação ao homem, música de auto-ajuda recheada de humanismo, esperiências patéticas, mentirosas e nada edificante e um grande perigo: a substituição da teologia sadia por experiências de vida não tão ortoxas assim. Várias heresias são perpetuadas através da música e chegam a atravessar fronteiras denominacionais e doutrinárias. Pior é que criaram até ministério pra isso! Está ficando escasso o que se produz ou se executa em louvor ao Deus Trino, Todo-Poderoso, mas oramos para que mais músicas sejam entoadas sobre o Senhor e sobre seus atos, sua fidelidade, grandeza, domínio e sua majestade.
   Bem,  isto não é um estudo, mas um texto para refletirmos acerca do que estamos ouvindo e cantando. Louvor não é qualquer coisa e louvar não é algo feito de todo o jeito. 
Sílvio Araújo

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