Muitas bandas costumam apresentar seus componentes em meio a uma apresentação, agora, se a banda parece tudo, menos uma banda de verdade...
"Nós somos a banda Sem Nosom e queremos apresentar a vocês os nossos componentes!"
No vocal, o cantor "centro do universo"! É o tipo que costuma achar que o mundo gira em torno dele e que todas as suas vontades devem ser feitas. Quando as coisas não são feitas da sua maneira, já faz birra. Provavelmente, foi alguém que durante a infância teve sempre suas vontades sendo feitas o tempo todo ou não teve a atenção que gostaria. Nunca ajuda a carregar a aparelhagem ou os instrumentos, pois, por não ser instrumentista, considera que sua parte é somente chegar pra cantar e, ainda por cima, chega atrasado...
No back vocal, as cantoras "olha eu aqui"! É o tipo que, ao invés de fazer a base da voz principal, fazer arranjos que apóiem a música como um todo, começa a querer fazer dueto, ou melhor, duelo, com a voz principal. O Back Vocal precisa entender que a back é reforço da voz principal e não seu concorrente.
No teclado, temos o "sei tudo"! É o tipo que já fez 50 cursos de música, tem mestrado, doutorado, por isso, se considera à prova de sugestões. Acredita que já sabe tudo, então considera qualquer sugestão ou idéia que não seja sua inferior. Além disso, considera que não precisa mais aprender e, por isso, parou de estudar música.
Na guitarra, nós temos o "toco junto, mas toco sozinho"! É o tipo que toca em grupo, mas ouve o resto do grupo. Não ouve os demais instrumentos, toca como se estivesse sozinho. É o tipo que faz solo o tempo todo, quer usar todas as notas possíveis, em vez de escolher as melhores, o que deixaria a música não ficar embolada.
No violão, nós temos o "orgulhoso da sua humildade"! É o tipo que nunca diz o que pensa, sempre tenta parecer pra todo mundo que está concordando com tudo, mas por dentro "está se mordendo". Se por um lado existem músicos arrogantes, que não sabem falar e ofendem os outros, são agressivos em suas palavras; por outro lado existem os músicos que nunca dizem o que pensam, nunca dão opinião e , por isso, acabam sendo "legais" demais, porém, começam a se sentir muito mal, pois precisam aprender a se posicionar. É o tipo que vive em função do que as pessoas esperam dele, tornam-se escravos da opinião dos outros. Precisam aprender a fazer primeiro para ele e depois para os outros, não no sentido do egoísmo, mas de se amar. Precisa aprender que onde ele for e o que ele for fazer, deve fazer primeiro por amor a si mesmo. Não é egoísmo, é equilíbrio. É o tipo que toca com timidez excessiva, tem medo de mostrar o que sabe. Precisa se perguntar: qual é a razão de eu fazer o que faço e por que faço do jeito que faço?
No baixo, o "só toco o meus estilo"! É o tipo que só toca o estilo de música que ele gosta. Para ele, todos os outros estilos não são dignos de ser tocados. É limitado musicalmente. É preguiçoso. Sempre existe um motivo para não desenvolver o seu talento: falta de tempo, problemas, etc. O problema é que ele quer cantar ou tocar mesmo não sabendo a música. Não quer estudar, mas quer tocar cosias além da sua capacidade. Quer tocar sem ensaiar. Ele inverte as coisas: ao invés de primeiro estudar para depois tocar; quer tocar para depois estudar, isso quando estuda...
Na bateria, o "surdez imediata" é o tipo que toca muito surdo, não o da bateria, mas é que já está surdo mesmo de tão alto que ele toca. Para ele, a música, a banda, a melodia e todo o resto não importa, o que importa é ele aparecer bastante com seu volume que cobre todos os outros instrumentos. E não adianta dizer isso pra ele, ele não vai te ouvir mesmo... rsrss...
Na percussão, o "quero ser outro"!. É o tipo que imita alguém. Quer ser o que ele nunca será. É como o cantor que quer imitar a voz de outro cantor que não tem nada a ver com a sua voz e até acaba estragando a própria voz por cantar fora da tessitura normal, ou quando imita as roupas e até o jeito de falar de outro cantor. Ele deveria usar a percussão para fazer ornamentos na música, colocar detalhes, mas ele se quer dar uma de "baterista" e faz muito mais coisas do que o necessário. Precisa fazer a pergunta pra si mesmo: "qual é a minha musicalidade"? e descobriri que o melhor não é querer ser "clone" de alguém, mas ser ele mesmo. Um músico só encontrará satisfação na música no dia em que descobrir não o caminho dos outros, mas ter a coragem de escolher seu próprio caminho, seu jeito de fazer as coisas.
Nos metais, os "toco por dinheiro, sucesso e fama"! São aqueles que colocam o dinheiro e o sucesso como razão de tudo. Ser reconhecido e receber não é o problema, falo aqui do sentido de que quando tais coisas são o centro, o músico nunca se realiza, pois tais coisas são inconstantes e sem verdade. É o tipo que não se diverte mais com sua arte, perdeu a alma, a emoção. Acaba se vendendo. E fazendo uma analogia com um texto da Bíblia eu diria: " De que adianta ganhar o mundo todo e perder a sua alma"?
Nas cordas, os "complexados"! São do tipo que sentem culpa por tudo. A família foi exigente demais na infância, sempre exigindo perfeição. Alguns se tornaram grandes músicos, mas porque foram massacrados na infância pelos pais, pois não podiam brincar, apenas deveriam estudar todo o tempo, são extremamente perfeccionistas, não se permitem errar. Nunca estão satisfeitos como o que fazem. Sempre acham que a música poderia ter ficado melhor do que ficou. Alguns são músicos, mas na verdade gostariam de ser outra coisa, mas a família não permitiu. (Irônico, pois existem tantos que querem ser músicos, porque a família não considera música profissão). São perfeccionista na sua vida como todo. Na vida pessoal, são exigentes demais consigo e com o companheiro(a), e pra piorar, a religião coloca sobre eles uma carga enorme de culpa, sempre exigindo perfeição e colocando um monte de proibições sem explicações. Acabam sozinhos, pois nunca encontram o amigo perfeito, a namorada perfeita, a igreja perfeita, a música perfeita, pois tais coisas não existem.
E para quem leu o texto, não fique pensando em quais pessoas se encaixa nos perfis descritos, mas faça a pergunta: qual desses músicos eu sou? E depois: quero continuar sendo assim?
Independente de você ser cristão ou não, você só encontrará sentido quando descobrir a razão de Deus ter criado você. O caminho para a realização não é o mais fácil, nem o do sucesso, mas é saber o sentido de Deus para você. Você já se perguntou se até hoje tudo o que você faz foi decisão de outras pessoas ou, aparentemente, sua? Você teria coragem de se perguntar o que realmente Deus quer de você?
Henrique Costa
Henrique Costa é Ministro de Música da I. Batista Jardim Aeroporto, Profº de Música da CEFET em Macaé, Bacharel em Música Sacra pelo STBSB, Licenciatura em Música pela UNIRIO e mestrando em Educação Musical pelo CETEHCER da UFSC. (Artigo retirado da Revista Louvor, 4º Trimestre de 2010, págs. 13 à 15).
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