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sexta-feira, 12 de março de 2010

"EU SEI QUE VOU TE AMAR" E OUTROS PRESSUPOSTOS MUSICAIS

    Composta em 1958 pela parceria Tom Jobim & Vinícius de Moraes e tida como uma pérola da MPB, "Eu sei que vou te amar" é uma das músicas mais conhecidas de todos os tempos e às vezes executada por instrumentistas até em casamentos nos templos evangélicos. O que não se percebe é que a letra pressupõe um relacionamento amoroso furtivo, ambíguo, instável e talvez adúltero e não uma declaração de amor fiel à parceira escolhida como esposa. Basta analisar o texto:
"Eu sei que vou te amar
Por toda minha vida eu vou te amar
Em cada despedida eu vou te amar
Desesperadamente eu vou te amar
E cada verso meu será pra te dizer
Que eu sei que vou te amar por toda minha vida
Eu sei que vou chorar
A cada ausência tua eu vou chorar
Mas cada volta tua há de apagar
O que essa ausência tua me causou
Eu sei que vou sofrer

A eterna desventura de viver
À espera de viver ao lado teu

Por toda a minha vida"
   Interessante é que há uma versão interpretada por Maria Creuza onde o próprio Vinícius de Moraes declama o famoso "Soneto da Fidelidade".
    A música evangélica atual também tem seus pressupostos. Ela vive de modismo e a onda é da linha "quem te viu, quem te vê". O pressuposto disso tudo é que a Igreja é um local cheio de inimigos, pessoas que desejam teu mal, teu fracasso e que a todo o momento impedem você de brilhar e aparecer.
    Essa imagem é maléfica e indutora. Não expressa o que é a Igreja de Cristo. Aliás, esse tipo de música só serve para inflar o ego. Não acrescenta nada à fé, não renova a esperança do crente, não edifica nem consola. É imprecatória, vingativa.
   Estamos numa fase de sequidão. Parece que secou a fonte de inspiração dos compositores evangélicos brasileiros. Um copia o outro descaradamente. Chegam até a usar as mesmíssimas frases de músicas de sucesso, que já são ruins, em canções de quinta categoria. Noutras ocasiões até a melodia é plagiada. Não faz muito tempo, a graça era falar sobre "um tal de Faraó", que virou bordão em n músicas.
    Eu preciso esclarecer que não intento atacar especificamente cantor "A" ou "B". Também não estou negando a existência de casos isolados onde excessos podem acontecer entre o imenso rebanho. Estou falando do conjunto, do universo musical que atualmente deixa subentender que a igreja é um lugar de inimigos e contendas incessantes e o fato de consumirmos e aceitarmos tudo isso sem prévia análise. Não estou condenando quem canta ou gosta desse tipo de música, mas chamo a atenção para as entrelinhas.
    Não sei qual será a próxima onda, mas espero que seja algo mais produtivo, que promova crescimento do povo de Deus, que estimule a santidade, oração, consagração e evangelismo.
    Por favor, confira:
Quem te viu verá - Shirley Carvalhaes
Sabor de Mel - Damares
Você é uma benção - Geruza Barros
Deus garante - Elaine de Jesus
Quem te viu, quem te vê - Hélio Alves
    Você pode sugerir outras composições para a lista acima.
Silvio Araújo

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